segunda-feira, 14 de julho de 2008

Entrudo

Chega o Entrudo. Mascaram-se os rostos com pontos em cruz. Pelas ruas, saltos chocalheiros sugerem-me foliões de outros Brasis. Vestidos de ponto em branco, alguns caretos porfiam com Veneza os seus melhores fatos. Detive esta fiandeira mais a senhorita fina que a acompanhava. Achei graça aos seus trejeitos, mas não gastei muito tempo a adivinhar-lhe os sexos… Há certas coisas a que temos de nos habituar no Entrudo, sob pena de o não desfrutarmos, e uma delas é a inversão das normas dos homens. O que sim me fascinou foi a simplicidade das máscaras de renda, a naturalidade da estúrdia sem samba, a girândola de cores sem gôndolas, a pândega dos pobres donos do mundo por um dia. Neste ponto reside a grande diferença entre Carnaval e Entrudo: tem, este último, na banda larga da paródia onde cada um é quem quer, a singeleza no fingir que só alguns conseguem… (LP)

Nenhum comentário: